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Livro Criação Imperfeita

de Marcelo Gleiser

Atualmente estou lendo o livro do físico brasileiro e professor de uma universidade americana, Marcelo Gleiser. O livro Criação Imperfeita nos mostra que a ciência é uma construção humana, uma narrativa que criamos para explicar o mundo a nossa volta. As "verdades" que obtemos, como a lei da gravitação universal de Newton ou a teoria da relatividade especial de Einstein, apesar de brilhantes, funcionam apenas dentro de certos limites, Sempre existirão fenômenos que não poderão ser explicados por nossas teorias. Novas revoluções científicas irão acontecer. Visões de mundo irão se transformar.

Marcelo nos conta que em suas leituras nos livros de divulgação científica o que mais o impressionou  do que as outras era que se queremos desvendar os segredos mais intimos do universo - e essa é a missão principal das ciências físicas - temos que buscar pelas simetrias ocultas da natureza. Os cientistas também tem uma crença: que a expressão matemática dessa ordem racional, codificada na simetria dos fenomenos naturais, é a mais profunda e verdadeira expressão da beleza.

Construímos nossa visão de mundo com os dados que temos no momento. Em outras palavras, nossa visão de mundo depende fundamentalmente do que podemos medir. Ao tentar explicar os movimentos planetários a partir de causas físicas - uma força emanada do sol - Kepler transformou irreversivelmente a astronomia, que deixou  então de ser um mero mapeamento dos movimentos celestes. Kepler descobriu as leis matemáticas das órbitas celestes, provando que o círculo - a mais perfeitas das formas - não tinha um papel central na astronomia. Cada planeta tinha sua própria órbita elíptica, com uma elongação maior ou menor: a estrutura do cosmo deixou de ser um sonho humano e passou a ser uma realidade científica, imperfeita e assimétrica. Kepler nos proporcionou um cosmo menos belo, mas uma ciência mais precisa. A lição que aprendemos é tão simples quanto essencial: para nos aproximar da verdade, muitas vezes temos que abandonar nossos sonhos de perfeição.

Após Kepler, o Encantamento Iônico continuou a inspirar o sonho da unificação. A busca por uma descrição unificada do mundo material passou a ser vista como uma busca pelas leis da natureza, o conjunto das relações que explica como  a matéria se organiza nas suas mais diversas formas, do mais pequeno ao astronômico. Deus passou a ser o criador das leis da natureza, enquanto a ciência, a busca por essas leis.

O Big Bang era capaz de explicar de forma natural a existência da radiação descoberta por Penzias e Wilson em 1965. As consequências tinham proporções míticas: Tal como nós, o cosmo tem uma história, um nascimento seguido de um período de crescimento que continua até hoje. O cosmo estático de Copérnico, Kepler e Newton havia ficado para trás. A assimetria do tempo proporciona um mecanismo para explicar  um dos grandes mistérios de todos os tempos, a origem da vida: Ao traçarmos os detalhes da história que leva do cosmo à célula, compreendemos que somos produtos de assimetrias esculpidas nas entrelinhas do código oculto da Natureza.

Em um próximo post continuarei a falar do livro A criação Imperfeita de Marcelo Gleiser com seus argumentos favoráveis as assimetrias do universo e suas imperfeições.

 

 

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